Advogado de Trump critica Moraes e destaca apoio no Brasil a tratar PCC e CV como terroristas

Advogado de Trump critica Moraes e destaca apoio no Brasil a tratar PCC e CV como terrorista



Porto Velho RO - Um dos principais advogados do presidente dos Estados Unidos Donald Trump tem usado suas redes sociais para comentar a política de segurança pública do Brasil, criticar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e destacar o apoio popular à classificação de facções criminosas como organizações terroristas.

Em publicações recentes, John DeLuca, advogado de Trump, citou uma pesquisa que, segundo ele, aponta que 72% dos brasileiros apoiam que o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) sejam enquadrados como grupos terroristas. "72% dos brasileiros apoiam a classificação do PCC e do Comando Vermelho como organizações terroristas", escreveu ele.

A classificação de grupos criminosos como organizações terroristas é um debate antigo no Brasil. Enquanto para muitos a medida simbolizaria um endurecimento legal contra o crime, o STF tem entendimento consolidado de que as ações dessas facções, embora violentas, se enquadram no conceito de "crimes hediondos" – já previstos em lei –, e não no de terrorismo, que possui contornos jurídicos específicos.

Ironia com viagem de Moraes à Argentina

No domingo (2), DeLuca já havia mencionado o assunto e feito uma crítica direta ao ministro Alexandre de Moraes. Ele se referiu à decisão recente da Argentina, sob o governo de Javier Milei – aliado de Trump –, de declarar o Comando Vermelho e o PCC como grupos terroristas.

Em tom irônico, o advogado comentou a viagem de Moraes a Buenos Aires, onde o ministro proferiu uma palestra sobre "o Estado de Direito" na Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires.

Alexandre de Moraes, que agora investiga o governador do Rio [Cláudio Castro] por confrontar esse mesmo grupo, está indo para Buenos Aires para dar uma palestra sobre ‘o Estado de Direito’... Parece piada? Mas é verdade”, escreveu DeLuca.

O contexto da crítica envolve a megaoperação contra o Comando Vermelho nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, na última terça-feira (28). A ação, que resultou em 113 presos e 121 mortes – incluindo quatro policiais –, é alvo de apuração pelo STF. O ministro Moraes, que assumiu temporariamente a relatoria da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) das Favelas, ouviu na segunda-feira (3) o governador Cláudio Castro e os comandantes das polícias para prestarem esclarecimentos sobre a operação.

A ADPF das Favelas é um mecanismo legal que estabelece regras e limites para operações policiais em comunidades do Rio, com o objetivo de preservar direitos fundamentais e evitar mortes de inocentes.

Fundo do conflito: processo judicial nos EUA


O interesse de John DeLuca no ministro Moraes não é apenas político
. Ele é advogado da Rumble, uma plataforma de vídeos rival do YouTube. Este ano, a Rumble e a Trump Media – empresa de mídia de Donald Trump – ingressaram com um processo contra Alexandre de Moraes em um tribunal federal da Flórida, nos EUA.

As empresas alegam que decisões do ministro, que incluem a determinação de remoção de conteúdos e o bloqueio de contas na plataforma por suspeita de disseminação de desinformação, violariam a legislação americana, em particular a Primeira Emenda, que garante a liberdade de expressão. A Rumble é fornecedora de serviços de nuvem para a Truth Social, rede social de Donald Trump.

As críticas de DeLuca, portanto, ocorrem em um cenário que mistura o debate sobre segurança pública no Brasil, as disputas políticas internacionais e um embate judicial direto entre empresas americanas e uma das mais altas autoridades do Judiciário brasileiro.

Fonte: Site eletronico Portal364
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